quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Viciados em alívio - A dependência de medicamentos



     
       A revista superinteressante trouxe um artigo realmente atual – O vício em Remédios, que eu chamo de vício em alívio.
Os viciados em alívio são aqueles que têm uma gaveta cheia de analgésicos, calmantes e soníferos que os ajudam a lidar com a dor e as dificuldades da vida.
        
        Devido ao fácil acesso, é um problema que se alastra rapidamente no mundo e no Brasil também. Segundo a revista, “há uma drogaria para cada 3 mil habitantes, mais que o dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde". Ou seja: há mais pontos-de-venda de remédios no Brasil do que de pão – são 54 mil farmácias contra 50 mil padarias. 

         Soma-se a isso a prescrição médica desnecessária ou erros de diagnóstico e o fato de que fármaco é o segundo negócio mais lucrativo do planeta depois do petróleo.

        É fácil imaginar o quadro: pais nervosos abrem suas gavetas de medicamentos em busca de um calmante, por que encontraram maconha na mochila do filho.
Quem é mais viciado? Quem sofre mais danos? Difícil dizer, mas fato é que ambas as substâncias causam dependência e riscos à saúde física, emocional e social.
Como saber se alguém está viciado em medicamentos?

        Para mim é fácil definir. Tenho familiares com esse problema. O mais difícil é conscientizá-los do problema.

As desculpas e explicações
“Eu só tomo esse medicamento por que o médico prescreveu”
“Um só não adianta, tenho que tomar mais”
“Eu tomo mais vezes que o prescrito, por que a dor volta rapidamente”.
“Continuo tomando (mesmo depois de estar curado) por que a dor pode voltar”
“Ah, paracetamol não faz mal a ninguém, por favor,”
“É só de vez em quando para me acalmar”
“Se eu não tomar, não durmo aí como vou poder trabalhar?”

As mentiras
“Se eu não mentisse para o médico, ele não me daria a receita, ele acha que sou de ferro”
“O médico não sabe o tamanho da minha dor, eu sei. Por isso digo a ele que está insuportável”
“Para mim não faz mal misturar rivotril com álcool”

O tráfico
“Você pegou meu aturgyl, roubou enquanto eu dormia”
”Olha o que eu consegui, uma receita de Xenical!!!”
“Tem um rivotril aí? Te pago N reais pela cartela”

        Esta última é novíssima. Uma pessoa do meu círculo de amigos sussurra na sala entre poucas pessoas:

"Fiquei sabendo de um cara que tem de tudo: Rivotril, Alprazolan, Fenproporex, o que você quiser. Vende barato." 

Os riscos
        Este é também um vício que atinge todas as camadas sociais, como qualquer outro. O ex-baixista do METALLICA, JASON NEWSTED, que foi viciado em Vicodin (aquele em que o Dr. House da série também é viciado) e quase morreu conta como foi. Seu relato é direto:
        “... ficou feio uns tempos. Eu cheguei bem perto algumas vezes. Meu coração quase parou por algumas vezes. Então eu sei como é, cara. É feio. Você tem que ter cuidado- muito cuidado. Isso se alastra por você antes de vocês perceber. Isso pode tirar o que você tem de melhor não importa o quão forte ou durão você seja ou o que você tenha aguentado antes.”

        O problema é que "Todo remédio tem efeitos colaterais", afirma Arnaldo Liechtenstein, clínico-geral do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

        Este é um problema que pode ser fatal, haja vista os casos de Anna Nicole Smith e Michael Jackson. O tratamento consiste em desintoxicação, acompanhamento terapêutico e ajuda familiar. Existem grupos de apoio que podem dar suporte como o Narcóticos anônimos. Terapias alternativas para a dor como acupuntura, fisioterapia e terapia holística são poderosos. Livre-se das pílulas coloridas.